domingo, 25 de novembro de 2007

Viagem ao centro da terra de Chico Mendes

O cara é acreano!
Pelo menos, foi a esta conclusão que cheguei depois de me tornar o primeiro correspondente-lesma no Acre.
A história que me contaram é assim:

O cara escreveu no muro do Colégio Barão do Rio Branco (CERB), em Rio Branco (AC) – note que há um local específico (Não é qualquer muro!): “Eu sou o cara”.
O amigo do cara escreveu em cima: “Eu sou o cara que comeu o cu do cara”.
Depois desta, niguém mais quer ser o cara!

Minha hipótese: a história do cara nasceu lá e se espalhou pelo mundo. A partir daí, quando alguém escreve em algum muro “eu sou o cara”, vem outro e faz um lembrete: “comeram o cu do cara”.

Faixa de pedestre
Lá, as faixas de pedestre têm uma nobre função. Elas fazem com que as pessoas mantenham um forte sentimento de religiosidade.
Antes de atravessar a rua, o pedestre sempre faz uma prece: Me protege, meu Deus!

Gasolina nas alturas
A gasolina acreana custa em média quase 40 centavos há mais que em Roraima. Enquanto aqui se encontra o litro por R$ 2,53, lá sai por R$ 2,92.
O mínimo sentimento empreendedor faria qualquer roraimense pensar na possibilidade de vender no Acre gasolina venezuelana (o litro pode ser comprado na Venezuela com uma moeda de R$ 0,10).

Acreanos ilustres
O Acre pariu filhos que ficaram famosos pelo mundo a fora. Alguns exemplos são: Chico Mendes (seringueiro) e Glória Perez (autora de novelas globais). Mas a grande maioria é da área política: Marina Silva (ministra do meio ambiente) e Tião Viana (atual presidente do Senado. Era vice do Renan!). Tem também um ex-senador pelo Acre que ficou famoso por cortar (literalmente) seus adversários com moto-serra... Devia ser um cara muito ocupado e que não tinha tempo a perder...


Se você quiser ler mais sobre as aventuras do nosso correspondente-lesma no Acre, manifeste seu desejo. Comente sem parar e espere até a próxima semana!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As mazelas da república

É ate irônico como o passado está sempre presente. Como as raízes de velhos hábitos, ou de costumes que já poderiam ter sido esquecidos, se entranham nas vísceras da atualidade.

Trocando em miúdos: acreditamos tanto em inovação no texto jornalístico, em ousadia, em qualidade... Mas o máximo que as academias oferecem como exercício para a prática jornalística, são enfadados resumos... Com o intuito de nos transformar em cópias de Nilson Lage e outros brilhantes comunicólogos, que nunca seremos (obviamente).

Pra mim, o texto foi inresumível... o livro, que em pleno feriado de Proclamação da República, tirou meu sono, é dotado de linguagem rebuscada e feita pra outros padrões de intelectualidade, não os da UFRR. E um único trecho do livro me chamou atenção, e ressalta a veracidade das primeiras frases desse post.

“Os padrões éticos do Jornalismo pioraram gradativamente com a República, que se iniciou com uma reportagem antológica de Raul Pompéia, relatando a expulsão da família real , nos dias seguintes ao golpe republicano.
Desde os primeiros movimentos do novo regime, com a ilusão capitalista do encilhamento, ficou claro que, em algum lugar do mecenato tolerante de um imperador com pretensões intelectuais, o que teria peso era a exploração do trabalho mais barato possível e a realização de lucros, mesmo à custa de negócios eticamente injustificáveis. Semi-analfabetos apuravam as notícias e corretores de anúncios com muitos clientes sentavam-se nos lugares antes ocupados por escritores brilhantes. Poucos jornalistas que não fizessem da profissão escada para a vida política conseguiam, nesse contexto, manter a dignidade.

"No romance em que registra esse declínio (Recordações do Escrivão Isaías Caminha, 1909), Lima Barreto dá conta de um aspecto estritamente técnico do processo:

“Chama-se ‘cabeça’, nos jornais, às considerações que precedem uma
notícia. Feita com a moral de Simão de Nântua e a leitura de folhetins
policiais, a ‘cabeça’ é a pedra de toque da inteligência dos pequenos repórteres
e dos redatores anônimos.
Pra dar um exemplo, vou reproduzir aqui trechos de
uma cabeça. Tratava-se de uma briga entre amantes e o repórter, após
intitular a notícia - ‘o eterno ciúme’ – começou a filosofar, com muita
lógica e inédita filosofia:

“O ciúme, esse sentimento daninho que
embrutece a imaginação humana e arrasta à concepção de crimes, cada qual mais
trágico e horripilante, não cessa de produzir efeitos
maléficos”
(....)

São assim , com poucas variantes, as cabeças”.
(Barreto, 1961: 206).
Nilson Lage, Teoria e técnica do Texto Jornalístico.


Não sei se pra você, mas pra mim isso é mais comum do que feijão com arroz no prato do brasileiro.
Ou isso é só coincidência?


118 anos depois, os jornalistas da época da proclamação ainda continuam sendo copiados.
Assim como os estudantes continuam a copiar Lage, Luis Amaral, Mauro Wolf , Eugênio Bucci e tantos outros que insistem em morar na minha estante.

Ao menos sabemos quem copiar.
E boa semana a todos vocês.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

ser ou não ser

Aí tava eu assistindo meu seriado.
Sobre a mãe e a filha.
A filha super CDF conseguiu entrar numa escola particular superfoda para ter uma educação superfoda e entrar em Harvard, a universidade superfoda.
O seriado todo é a tal cunhantã estudando feito uma condenada para conseguir garantir sua vaga na universidade superfoda.
Na segunda temporada finalmente é revelado o curso que essa menina quer tanto fazer na tão sonhada Harvard:
jornalismo.

- Como assim? - eu exclamei - Meu Deus! Uma garota tão brilhante quer fazer jornalismo...

Então eu vi um filme em que onde um garoto sonhava em conseguir uma vaga na Universidade de Nova York para jornalismo.
Concorridas vagas
Só entram os melhores.

E eu pensei "quando foi a última vez que tirei um 100? Aliás, eu já tirei algum 100 na minha vida? O que eu tô fazendo naquela instituição atrapalhando seu desenvolvimento?"
Isso me deu uma crise existencial e profissional.
Crise essa que fez eu acordar minha mãe na madrugada de sábado pra domingo e anunciar:

- Acho que vou sair da faculdade!

Pobre da minha mãe que teve que passar o resto da noite tentando me convencer do contrário.
E conseguiu.
Por que as mães têm argumentos fortes?
Ela sempre me convence de que eu tô pra me formar (o que não é verdade)

- Olha só, o dia tá amanhecendo! - Ela disse, e foi se deitar contente por ter salvo minha vida.

E eu pensando: "Será que ela sabe que daqui a três horas vou fazer vestibular pra arquitetura?"